Motivações de agricultores familiares para recuperação florestal em duas comunidades ribeirinhas em Paragominas- PA
Carregando...
Data
Autores
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Museu Paraense Emílio Goeldi
Tipo
Título:
Descrição
Com o aumento da degradação ambiental, iniciativas de restauração florestal tem
avançado no mundo, e, em particular, no Brasil. O Código Florestal foi revisado em 2012,
o Programa de Regularização Ambiental do Pará foi lançado em 2015 e a Política
Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa foi publicada em 2017. Ações de
restauração ambiental dependem da participação ativa das comunidades locais. Por isso
é fundamental compreender os aspectos que motivam os agricultores na restauração dos
ecossistemas. Dessa forma, esta pesquisa teve como objetivo compreender as motivações
dos agricultores familiares para desenvolver ações de restauração florestal na Amazônia
Oriental. Iniciativas de restauração florestal, com a implementação de viveiros
comunitários, vêm sendo realizadas na comunidade Nazaré e São Sebastião pelo governo
estadual, por meio do Programa Pará Florestal (PF) coordenado pelo IDEFLOR-Bio.
Assim a pesquisa primou primeiramente, em realizar uma entrevista com um servidor
público de cada uma das duas instituições envolvidas no Programa Pará Florestal
IDEFLOR-BIO e EMATER para se obter um panorama deste programa antes dos estudos
de campo. O estudo de campo foi realizado no município de Paragominas, no sudeste do
estado do Pará, no qual foi aplicado um questionário semi-aberto visando compreender o
nível de conhecimento e aceitação das regras contidas no Código Florestal, as percepções
sobre os recursos naturais nos estabelecimentos rurais e as motivações e barreiras para o
envolvimento em ações de restauração florestal. Foram selecionadas duas comunidades
ribeirinhas, situadas às margens do Rio Capim, no norte de Paragominas, as Comunidades
Nazaré e São Sebastião. Os dados foram analisados para identificar características que
influenciam as motivações para recuperar, comparando-se as duas comunidades
estudadas, os participantes e não-participantes do PF e aplicando uma Análise de
Correspondência Múltipla para avaliar a relação entre as diversas variáveis analisadas.
Observou-se que as ações do PF ainda não contemplam as áreas de proteção especial
requeridas no Código Florestal (APP, RL) e que os objetivos de produção são
preponderantes sobre a recuperação ambiental. A posse do CAR foi ligada a um maior
conhecimento do agricultor sobre as leis ambientais, mas não necessariamente a um maior
cumprimento da legislação. A vontade de recuperar florestas não foi associada apenas
aos participantes do PF. Entretanto, os participantes do PF pareceram mais conectados à
biodiversidade local, listando mais essências florestais de interesse na recuperação de
áreas alteradas. Além disso, os participantes vêem menos entraves para a recuperação. O
menor interesse na recuperação foi associada aos jovens (< 45 anos), com ensino
fundamental e famílias menores (<4 pessoas) indicando a necessidade de incentivo maior
a esta categoria. As instituições entrevistadas ressaltaram a importância da continuidade
dos projetos que atualmente sofrem de falta de confiança por parte dos agricultores. Além
disso, enfatizaram também a importância da continuidade da Assistência Técnica e
Extensão Rural (ATER) para os agricultores rurais com o intuito de promover a
capacitação de recursos humanos para sistemas florestais e financeiros, de superar as
dificuldades de orçamento e logística e de obter respaldo de pesquisas científicas sobre
os Sistemas Agroflorestais (SAFs). Os resultados desta pesquisa indicam a necessidade
de considerar uma gama de aspectos do perfil dos agricultores familiares para orientar os
programas e garantir sucesso nas ações de restauração florestal.
Resumo
With increasing environmental degradation, forest restoration initiatives have seen
increased adoption globally, with particularly high numbers of new policies and programs
in Brazil. The Brazilian Forest Code was revised in 2012 and the National Policy for the
Recovery of Native Vegetation was published in 2017. Additionally, Pará state has
launched its Environmental Regularization Program (PRA). Environmental restoration
actions depend on the active participation of local communities. It is therefore essential
to understand what factors motivate farmers to engage in ecosystem restoration. Here, we
analyze motives for, and barriers against family farmers engaging in forest restoration on
their properties. We conducted a field survey, consisting of a semi-open questionnaire, in
Paragominas, a municipality that resides in the southeastern Amazonian state of Pará. We
assessed the understanding and acceptance of the rules contained within the Brazilian
National Policy for Protection of Native Vegetation (known as Forest Code), along with
the participants' perceptions of natural resources and motivations for forest restoration.
Two riverine communities, Nazaré and São Sebastião, located in the Capim River region,
in the north of Paragominas were surveyed. Governmental forest restoration initiatives,
including forest nurseries, have previously been implemented in these communities
through the restoration program called “Pará Florestal” (PF) coordinated by the state
institute IDEFLOR-Bio. To contextualize the restoration initiatives being developed in
the studied region, we conducted interviews with employees of IDEFLOR-BIO and
EMATER, the two institutions involved in the Pará Florestal Program. We used a
Multiple Correspondence Analysis to identify factors which motivate smallholders to
engage in forest restoration. Willingness to participate in forest restoration was not
limited to those who were formally participating in the PF. However, PF participants
appeared to be more connected with local biodiversity, as they cited more species to be
potentially useful in restoration initiatives they also saw fewer obstacles to forest
restoration. Contrary to expectations, the lowest interest in forest restoration was
associated with younger people (<45 years) that had elementary education and smaller
families (<4 people), indicating the need for greater incentives for this group. This study
highlights a lack of confidence in restoration programs mainly due to failure of past
initiatives in the region. The importance of continuity in the technical assistance provided
to farmers was emphasized, along with the importance of promoting capacity building for
forestry and increasing the potential for economic revenues from agroforestry systems.
The results of this research indicate the need to consider the profile of smallholder
families to guide programs and ensure success in forest restoration. Additionally, more
incentives are necessary for ecological restoration to have a better balance between
agricultural production and ecosystem services provision.
