Castanheira-do-brasil recuperando áreas degradadas e provendo alimento e renda para comunidades da Amazônia Setentrional.
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Museu Paraense Emilio Goeldi
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Título:
The role of Brazil nut trees in restoring degraded forest areas and as a source of food and income for northern Amazonian communities.
Descrição
Resumo
A castanheira-do-brasil ( Bertholletia excelsa H. & B. - Lecythidaceae) é a espécie de maior diâmetro entre todas as demais
da floresta amazônica. Árvores com 5,25 m e 4,34 m de diâmetro a 1,3 m do solo (DAP) já foram registradas, assim como a
ocorrência, em um mesmo local, de mais de dez castanheiras com diâmetros superiores a 3 m. Existem fortes evidências de
que alguns exemplares de castanheira possam ser milenares e ainda produtivos. Este trabalho objetivou informar como se
comporta a castanheira no que tange aos crescimentos do diâmetro e da altura em reflorestamentos heterogêneos que visam
a recuperar áreas degradadas pela atividade de mineração na Floresta Nacional Saracá-Taqüera, Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) em Porto Trombetas, estado do Pará e, também, avaliar qual é a
produção de um castanhal primitivo, em termos de safra e renda, para uma comunidade de castanheiros daquela região.
Numa área de 19,4 ha, reflorestada em 1984 com diversas espécies florestais, foram registradas e medidas (diâmetro e altura)
todas as 482 castanheiras ali plantadas. Para avaliar a safra de castanha foi implantado, numa Reserva de Castanheiras dentro
da Flona, um estudo para quantificação e pesagem de ouriços e castanhas das safras de 2003 a 2007. Foram registradas 482
castanheiras (= 24,8 árvores/ha). O menor diâmetro foi de 2,1 cm e o maior de 61,6 cm (= 19,4 cm), gerando um
incremento médio de 1,02 cm/ano; a amplitude do incremento variou de 0,11 cm/ano até 3,24 cm/ano; a menor altura total
foi de 3 m e a maior de 28 m (= 14,7 m). Conseqüentemente, o incremento médio foi de 0,77 m/ano – mínimo de
0,16 m/ano e máximo de 1,47 m. Para estimação a produção de ouriços e castanhas foram avaliadas 84 árvores com
diâmetros variando desde 48 cm até 226 cm (= 122 cm) e abundância de 14 castanheiras/ha, excepcionalmente altas. Na
safra de castanha de 2003, 74 castanheiras produziram frutos (= 29 ouriços/castanheira). Cada ouriço tinha em média
16 castanhas (peso médio unitário de 7 g). A produção média foi de 477 castanhas/árvore, o que representou uma safra baixa.
Uma safra normal na região produz 800 hectolitros, correspondentes a 34,000 kg, que comercializados rendem R$68.000,00
(US$22,666.67). Divididos pelos 30 coletores, resulta em R$2.267,00 (US$755.67) por trabalhador para os três meses de
serviço (fevereiro, março e abril), ou R$756,00 (US$252.00) por mês para cada trabalhador se a divisão fosse igualitária, o
que, é sabido, não acontece, pois deste valor mensal o coletor recebe menos de 40%, próximo de R$300,00/mês
(US$100.00). A castanheira-do-brasil, plantada em áreas degradadas da Amazônia setentrional, através de reflorestamentos
heterogêneos, é uma espécie de comprovada adaptabilidade e excelente crescimento. Uma seleção da matriz de sementes
possibilita a obtenção de árvores com 60 cm de diâmetro e altura de 28 m aos 19 anos, ou seja, um incremento anual médio
de crescimento do diâmetro de 3,24 cm/ano e da altura de 1,47 m/ano. No ano de 2003, num universo de 74 castanheiras
em floresta primária, a produção total de castanha foi de 247,1 kg de castanhas (safra muito baixa), que renderia
R$494,17 (US$164.72) no caso de o quilo ser comercializado ao preço de R$2,00 (US$0.67).
Citação
SALOMÃO, Rafael de Paiva et al. Castanheira-do-brasil recuperando áreas degradadas e provendo alimento e renda para comunidades da Amazônia Setentrional. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais, Belém, v. 1, n.2, p. 65-78, maio-ago. 2006.
